Era James Joyce um filho da puta?

Acabei de tomar uma decisão a qual achei que jamais tomaria na minha vida: vou ler Finnegans Wake do James Joyce. Você pode pensar “ela vai TENTAR ler”, mas não, quando eu enfio essas merdas na cabeça eu termino, mesmo que leve anos pra eu alcançar esse feito. E por que farei isso? Porque sou uma retardada, oras. Ninguém normal lê esse livro, a não ser o pós-pós-pós-doutorado em James Joyce. Mas eu preciso, era o Finnegans Wake ou era a bíblia completa, pensei na Comédia Humana completa do Balzac, mas este eu deveria ter lido antes do Em Busca do Tempo Perdido.
O que tenho contra livros de 200, 500 páginas ou poesia? Nada, convivo com eles diariamente, mas às vezes tenho que me enfurnar em jornadas literárias teoricamente impossíveis.
Por isso vou avisando que este blog passará por mudanças drásticas (de novo!) durante o período razoavelmente extenso e que não terei vida durante o mesmo (nada de buteco! bom, de vez em quando), principalmente porque cada página do Finnegans que lerei, terei que ler mais 10 de textos teóricos.
Mas calma, isso ainda vai levar algumas semanas para ter início, embora já estejam em minhas mãos os dois primeiros volumes (não é que me fizeram o favor de dar de aniversário? Isso que chamo de presente de grego), ainda terei que me preparar psicologicamente para tal jornada. Aí fui pesquisar o preço dos demais volumes e caí no Submarino tendo uma crise de riso: O Finnegans Wake estava no saldão!!! No saldão minha gente!!! Mas agora não está mais (deve ser porque coloquei os demais volumes na minha lista de futuras compras, fdps) E a entrega é grátis! Ninguém compra essa desgraça, estão fazendo de tudo para se verem livres desse trambolho. Finnegans Wake praticamente numa banca de liquidação. Onde esse mundo vai parar?

Nota 1: Eu sabia que não devia ter jogado fora todos os meus textos de lingüística da época da faculdade, duvido muito, mas até poderia ser útil.

Nota 2: O bom é que vou ter que estudar música, matemática, teorias quânticas (foi o Gell-Mann que deu ao quark esse nome retirado do livro do Joyce, mas era outro físico, se não me engano, que parava as pesquisas para ler e reler o Finnegans ajudando a alinhavar as teorias quânticas – preciso reler os meus livretos de física – será que era aquele maluco do Schrödinger? Sei lá, só sei que os fundadores da teoria quântica eram malucos pelo Finnegans), semiologia e teorias lingüísticas de todas as línguas do mundo, hehehe.

Nota 3: Ulysses? Ulysses é livrinho infantil comparado ao Wake. Ulysses li em um mês.

Nota 4: E sim, o Joyce era aquariano. Eles sempre são aquarianos.

Nota 5: Só uma pequena curiosidade que sempre me fascinou , Joyce nasceu com o espaço exato de uma semana após o nascimento de Virginia Woolf no mesmo ano, sem um conhecer ao outro (ele na Irlanda, ela na Inglaterra) criaram a técnica do fluxo de consciência concomitantemente (ele com o Ulysses, ela com o Senhora Dalloway -de forma mais sutil, diga-se). Esse tipo de confluência etérea causada por momentos históricos e evolução de pensamentos sempre me deixou encantada, mas enquanto Joyce criava o fluxo de consciência usando a técnica para chegar ao âmago, Woolf usava o âmago para chegar à técnica.

Nota 6: Eu sei, já estou sendo afetada e nem comecei a ler o livro, sem falar que assim que começar a ler minha percepção sobre artes e todas as demais coisas do mundo invariavelmente mudará de forma drástica, espero que para melhor. Mas também espero que meu gosto por cinema não passe a se resumir ao Fluxus durante esse período.

Nota 7: Por que esse surto insular europeu? Juro que foi coincidência esse excesso de escoceses, irlandeses e ingleses dos últimos posts. Ou não, quem é que sabe das agruras psíquicas da minha mente? Pode não ser coincidência, mas tampouco foi proposital.Nota 8: Aproveitando que o assunto é Joyce, pelo amor de deus, se alguém se deparar algum dia com o filme Nora com o Ewan McGregor no papel de Joyce (malditos escoceses querendo ser irlandeses! hehehe) me avisem, pois não sabem a dificuldade de achar esse filme! Dá para acreditar que nem no emule tem? É um caso sério quando não se encontra um filme no emule. Tá, tem no emule, mas o arquivo não está completo (dãã). O filme trata do relacionamento entre o Joyce e sua mulher semi-analfabeta Nora Barnacle (o primeiro encontro deles foi no 16 de junho!). Será que ainda existe esse tipo de pessoas no mundo? Dessas que não julgam a sua capacidade de ser interessante pela quantidade de acentuação correta ao escrever uma frase? Algo que realmente passe por cima dessas bobagens mundanas e fúteis?

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

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