O Diário de um Gângster (Pulp, 1972)

PULP (1972) POSTERA parceria do Mike Hodges com Michael Caine deu tão certo com Get Carter que no ano seguinte resolveram se unir novamente em Pulp. Não chegaram à excelência de Carter, mas tampouco não fizeram de Pulp um filme digno de ser assistido com prazer, muito pelo contrário, satisfação é o que não falta ao assistí-lo.
Como o próprio título deixa claro, Caine interpreta um escritor de literatura pulp, envolve-se com um ator americano na Itália (vivido pelo quase-anão Mickey Rooney) e acaba indo um pouco além disso, ou seja, a sua própria vida passa cheirar a romance barato: muito crime, bizarrices e sexo.
O filme é narrado em tom de literatura pulp (Amo! Amo!), com momentos bem interessantes (como a cena do ônibus em que cada passageiro ganha narração em off de seus respectivos pensamentos) e repleto de referências da cultura pop-criminosa, como Johnny Stompanato, George Raft, Bugsy Siegel, Capone, policial noir e até o livro Poderoso Chefão. O roteiro original foi escrito pelo próprio Hodges e soa como uma adaptação de livro do Elmore Leonard com verniz ítalo-britânico. Além de tudo, é um filme engraçadíssimo, dosando deliciosamente o humor negro que assenta tão bem ao Michael Caine. Enfim, delicioso de se assistir.

Nota 1: A personagem de Mickey Rooney me parece obviamente inspirada em George Raft, um dos maiores e mais emblemáticos gângsters das telas e que durante um tempo houve a desconfiança se ele não tinha mais do que amizade com os mafiosos que eram sua companhia constante, ou seja, ele próprio faria parte dos negócios. Bem pior que o meu Sinatra.

Nota 2: Para o deleite dos aficionados do gênero, o filme conta com a participação de Al Lettieri que no mesmo ano teve as suas atuações mais inesquecíveis: o Sollozzo de O Poderoso Chefão do Coppola e o Rudy de Os Implacáveis do Peckinpah.

Nota 3: Outro tipinho inesquecível que participa de Pulp é o dono do boteco-espelunca de Era Uma Vez no Oeste: Lionel Stander.PULP (1972) MICHAEL CAINENota 4: Por falar em Michael Caine, haverá outra versão da peça Sleuth e estou entusiasmadíssima! Peraí, eu entusiasmada com um remake de um dos meus filmes preferidos dos anos 70? Sim, levo fé nesta versão dirigida por Kenneth Branagh (que viveu a vida correndo atrás de tudo relacionado ao Laurence Olivier) roteirizada por um dos maiores dramaturgos de nossa era (Harold Pinter), Michael Caine no papel que fora de Olivier e Jude Law no papel que fora de Caine. Mas por que levo fé? Jude Law, é claro! Ele é o filho bastardo do Michael Caine e só não pôde provar isso na sua totalidade porque Hollywood não lhe deu o papel de John Constantine (isso nunca foi cogitado por Hollywood, mas desde que Jude Law veio à tona, era o Hellblazer que via nele) que é outro filhote de Michael Caine. Mas o remake de Alfie ganhou vida pelo carisma atordoante do Law (não só o carisma, diga-se) que a personagem requer. E o Branagh é excelente quando quer, embora tenha andado sumido, ainda acho que a melhor versão de Hamlet para o cinema é aquele ostentoso filme seu de 1996. Puxa, quero ver mesmo um duelo de Caine com Law, ambos soltando faíscas dos olhos.

Nota 5: O que rola que tudo que foi interpretado por Caine tem virado remake na última década? Alfie, Italian Job… Não vi o remake de Get Carter com o Stallone. Não tive coragem.

Nota 6: O Caine está filmando com o Michael Radford e o homem já enterrou o Massimo Troisi (com O Carteiro e o Poeta) e o Richard Burton (com 1984). Medo.

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

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