Todd Haynes e Jean Genet se merecem e por isso o primeiro teve a sensatez de adaptar a obra do último em 1991 com o seu fantástico Poison, nenhuma obra em específico, mas está tudo lá: Querelle, Nossa Senhora das Flores, O milagre da Rosa, Journal du Voleur e até o único filme que Genet dirigiu em 1950 o também curta Un Chant d’Amour. São três curtas unidos em um longa, até aí tudo bem, mas os três curtas foram editados de forma não-linear e mesclados para que a ação se desenvolva na mesma progressão entre eles.
Hero: É um mockumentary, onde se dá uma perspectiva adulta ao menino de 7 anos que matou o pai. É o curta que menos me impressionou.
Horror: É uma ficção científica no estilo dos anos 50, onde o monstro é a sexualidade assumida, um cientista isolou a essência da sexualidade em laboratório e acidentalmente a ingere deixando-o marcado como portador de doença venérea e ser sexual ativo. Pra mim, o mais genial dos curtas.
Homo: Prisão e a tensão sexual entre dois presos. Essa é a parte mais autobiográfica de Genet, Haynes bebeu vertiginosamente em James Bidgood e seu Pink Narcissus assim como já o fizera Fassbinder em seu Querelle adaptado do mesmo Genet.
Veneno é considerado um marco do Queer Cinema (sim, isso é um gênero e muito bem assumido) e fez com que Todd Haynes fosse considerado o seu maior porta-voz dos últimos 20 anos, tanto é que filmes como Madame Satã e Hedwig prestam devidos agradecimentos a Todd Haynes em seus créditos finais.
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Já é fim de janeiro e esqueci de dizer qual foi o melhor filme que vi datado de 2007: I’m Not There, é claro. Nem sei qual foi o último filme recente que me impressionou como o último do Todd Haynes, pensar nos 113 anos de cinema e ver algo realmente novo hoje é acachapante. Esqueça todas as cinebiografias que já viu na vida, aquelas coisas redondinhas, chatinhas, linearzinhas e unilateralzinhas, esqueça mesmo as não-cor-de-rosa do Haynes para Karen Carpenter, David Bowie e Iggy Pop. Dessa vez o homem assombrou de uma forma que ninguém mais o fez, Haynes simplesmente fez uma biografia para quem já é perito em Dylan, exatamente o contrário das cinebios fofinhas feitas para o “público descobrir o retratado”, cada palavra, cada som, cada imagem é uma referência não só ao Dylan mas também ao cinema concomitante dos períodos importantes da carreira do bardo, está todo mundo lá, de Fellini à Peckinpah, de Bergman à Richard Lester, de Antonioni à Godard. É um desses filmes que você vai dar uma dimensão nova a cada vez que o assistir e será um novo e inesperado filme, ele nada mais é do que um fluxo de consciência do que se passou na cabeça de Dylan durante décadas, tudo que viu, viveu, sentiu, ouviu e certamente não existe nada mais extraordinário do que cinema formalmente narrado com fluxo de consciência. Posso estar sendo um pouco apressada, mas talvez este não seja apenas o melhor filme de 2007, mas o melhor filme da década.
E porque Cate Blanchett tem sido tão aclamada? Não que ela seja melhor que os demais interpretes, mas a sua personalidade é a melhor, confesso que quis gritar quando um A Hard Day’s Night se transformou em 8 e 1/2 tamanho o meu extâse de ver uma obra como essa em pleno século 21.
Sério que é isso tudo? É a primeira pessoa que vejo falando assim do filme, até então eu pensava que realmente era só uma cinebiografia qualquer – talvez por desconhecer o Todd Haynes, e também por só ter lido e ouvido comentários tipo “é legal”.
E postei no blog os 100 filmes preferidos do Kurosawa, com comentários do mesmo!
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O filme é foda, mas neguinho de que manjar o mínimo de Dylan pra poder também entender o mínimo do filme.
Esse lance do Kurosawa deve ser foda, mas deixe-me recuperar do “caso Heath Ledger” pra eu poder ler melhor mais tarde. Puta, fiquei realmente transtornada com a morte dele.
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Adoro visitar seu blog!!!
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Lac, é pra pessoas como você que curtem o blog sem hipocrisia que o faço!
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