A Batalha dos Sexos ( The Battle of the Sexes, 1959 )

A Batalha dos Sexos ( The Battle of the Sexes, 1959 )Este título foi empregado de forma totalmente equivocada, não é uma batalha entre homens e mulheres que se refere esta pequena pérola do diretor Charles Crichton (conhecido sobretudo por Um Peixe Chamado Wanda), mas sim uma batalha cujo resultado sabemos há muito tempo: a industrialização fria e impessoal contra os velhos moldes artesanais envoltos de muita camaradagem.
Tudo se passa na boa e velha Edimburgo de guerra, numa Escócia considerada o último recanto de machos do planeta, onde os homens são tão homens que lá são os macho-cho-chos que usam as saias mais curtas e dançam o can-can, tamanha a ebulição machista presente. E nisso fica claro que o filme foi feito por ingleses.
Quando uma executiva americana e manipuladora interpretada por Constance Cummings aporta na Escócia acaba por conhecer o herdeiro de uma tradicional empresa de tecidos vivido por Robert Morley e com isso aparecem todos os problemas para a vida dos anciões empregados da empresa, que custam em se se adaptar aos métodos progressistas empregados pela americana intrometida. É aí que a trama anda, com um apelo semelhante ao empregado na comédia de humor negro The Ladykillers, feita anos antes com a participação do mesmo Peter Sellers (cujo remake rendeu o pior filme da carreira dos Coen), só que no caso de A Batalha dos Sexos a perspectiva é distinta: são os velhinhos que desejam matar a personagem ambiciosa.
Mas claro que em tempos de ascenção feminista, uma tentativa de assassinato não ficaria sem o devido troco, e aí que entra a verdade do título, quando a mulher vai à forra e combate o velhinho-chefe interpretado por Sellers na disputa de quem consegue abater o adversário primeiro, mesmo que a mulher use o fator fêmea para aquebrantar a disputa. Isso resulta na fórmula capitalista por excelência do cão come cão coroando as cenas finais num simbólico rendevouz da real aura executiva, quase como um Psicopata Americano do alvorecer feminista.

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

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