Este título foi empregado de forma totalmente equivocada, não é uma batalha entre homens e mulheres que se refere esta pequena pérola do diretor Charles Crichton (conhecido sobretudo por Um Peixe Chamado Wanda), mas sim uma batalha cujo resultado sabemos há muito tempo: a industrialização fria e impessoal contra os velhos moldes artesanais envoltos de muita camaradagem.
Tudo se passa na boa e velha Edimburgo de guerra, numa Escócia considerada o último recanto de machos do planeta, onde os homens são tão homens que lá são os macho-cho-chos que usam as saias mais curtas e dançam o can-can, tamanha a ebulição machista presente. E nisso fica claro que o filme foi feito por ingleses.
Quando uma executiva americana e manipuladora interpretada por Constance Cummings aporta na Escócia acaba por conhecer o herdeiro de uma tradicional empresa de tecidos vivido por Robert Morley e com isso aparecem todos os problemas para a vida dos anciões empregados da empresa, que custam em se se adaptar aos métodos progressistas empregados pela americana intrometida. É aí que a trama anda, com um apelo semelhante ao empregado na comédia de humor negro The Ladykillers, feita anos antes com a participação do mesmo Peter Sellers (cujo remake rendeu o pior filme da carreira dos Coen), só que no caso de A Batalha dos Sexos a perspectiva é distinta: são os velhinhos que desejam matar a personagem ambiciosa.
Mas claro que em tempos de ascenção feminista, uma tentativa de assassinato não ficaria sem o devido troco, e aí que entra a verdade do título, quando a mulher vai à forra e combate o velhinho-chefe interpretado por Sellers na disputa de quem consegue abater o adversário primeiro, mesmo que a mulher use o fator fêmea para aquebrantar a disputa. Isso resulta na fórmula capitalista por excelência do cão come cão coroando as cenas finais num simbólico rendevouz da real aura executiva, quase como um Psicopata Americano do alvorecer feminista.