1- Uma Mulher Sob Influência (A Woman Under the Influence, John Cassavetes) Os filmes do Cassavetes sempre tiveram um peso realmente significativo em mim, mas nenhum como este. Cassavetes e Rowlands foram o exemplo mais perfeito de casal que se completava na vida e na arte. Assistir aos filmes do Cassavetes nos faz imaginar se ele seria o grande cineasta que se tornou se não tivesse casado com Rowlands e esta seria a grande atriz que é se não tivesse conhecido Cassavetes. Este é o grande trabalho de ambos e também o do amigo inseparável Peter Falk, tanto em conjunto quanto individualmente.
2- Por um Destino Insólito (Travolti da un insolito destino nell’azzurro mare d’agosto, Lina Wertmüller)A vulgaridade é uma invenção da classe média. Uma das maiores obras do cinema italiano dos anos 70, rendeu aquele remake vazio (desculpa aí genes gianninianos!) enquanto o original era uma pedrada na luta dos sexos e de classes sociais. Típico filme que entranha na sua mente e eventualmente te deprime por dias a fio. Giancarlo Giannini é o símbolo sexual por excelência, depois dele não existe mais nada.
3- O Poderoso Chefão 2/A Conversação (The Godfather: Part II/The Conversation, Francis Ford Coppola) Não te dá tristeza pensar que o Coppola fez duas obras de arte desse calibre no mesmo ano e hoje leva anos para fazer um filme de merda?
4- A Dupla Explosiva (Altrimenti ci arrabbiamo, Marcello Fondato)Tudo se resume a duelo de salsicha com cerveja e um buggy. Esse sem sombra de dúvida foi o grande filme da minha infância e em nenhum outro filme da dupla Hill & Spencer tem mais cenas clássicas que este, eu devo tudo a esses caras. Tal lembrança coincide com o falecimento recente do diretor Fondato.
5- Problemas Femininos (Female Trouble, John Waters)Queers are just better. I’d be so proud if you was a fag. The world of the heterosexual is a sick and boring life. Não tem como explicar o fato de John Waters ser um dos maiores gênios do cinema dos anos 70 e nem o Glen Milsted ser um dos mais talentosos atores de sempre, só os vendo trabalhando juntos é possível constatar o poder de ambos.
6- Martha (Rainer Werner Fassbinder) Por que Karlheinz Böhm é um dos maiores atores do cinema? A resposta está aqui.
7- A Rainha Diaba (Antonio Carlos da Fontoura)Que me perdoem Lázaro Ramos e Karim Ainouz pelo seu retrato de Madame Satã, mas Milton Gonçalves e Fontoura aposentaram a personagem alí, não tem para ninguém. E tem Odete Lara mais diva do que nunca como cantora de boate e de cabelo verde.
8- Escalada do Poder (Le Mouton Enragé, Michel Deville)Pérola quase esquecida do cínico cinema francês dos 70, é engraçado, é ácido, é trágico e tem um elenco de dar arrepios, seja pelo talento, seja pela irresistibilidade: Jean-Pierre Cassel, Jane Birkin, Jean-Louis Trintignant, Romy Schneider e Florinda Bolkan, esta com o que talvez seja o papel mais sensacional de sua carreira.
9- Truck Turner (Jonathan Kaplan)Ninguém mata o gato do Truck Turner e sairá impune. Dá para acreditar o quão foda Isaac Hayes era? É quase inadimissível o fato dele ter feito tão poucos filmes nos anos 70, aqui ainda há o deleite de vê-lo dividindo cena com Scatman Crothers, Dick Miller, Nichelle Nichols e Yaphet Kotto, com este último co-protagonizando a sensacional sequência no hospital anos antes de John Woo se apropriar do momento.
10- Perfume de Mulher (Profumo di donna, Dino Risi)Outra grande obra dos italianos que terminou por virar um remake cocô nas mãos de quem não tinha mais o que fazer. Já falei que o Gassman é foda? Pois ele é.
11- O Último Golpe (Thunderbolt and Lightfoot, Michael Cimino) É o Jeff e o Clint fazendo duplinha. E é claro que é um filme gay, é um remake de um filme do Douglas Sirk, por deus! Só mesmo machão recaucado para não ver todos os indícios.
12- 007 contra o Homem da Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun, Guy Hamilton)É um dos piores filmes de Bond, mas e daí? Christopher Lee tem uma pistola de ouro, mora na ilha da fantasia com o Tatoo e recebe visitas eventuais de Britt Ekland e Roger Moore. O que mais alguém poderia querer na vida?
13- Cockfighter (Monte Hellman)Visão de um ambiente que normalmente me deixaria desconfortável, rinha de galos, mas Hellman extrai tanto daquele universo masculino e simplório que seria ignorância minha não conseguir enxergá-lo. Além de tudo é uma mulher que acaba por colocar ordem no galinheiro como de hábito, o feminino sempre acabar por dar equilíbrio ou desequilíbrio às coisas. E Warren Oates silencioso nunca é demais.
14- Céline et Julie vont en bateau (Jacques Rivette)Rivette realmente gostava de gatos e do universo feminino, fazendo disso motivo suficiente para que eu o admire, some a isso improvisação, mistério e diversão e dá-se aqui um dos seus melhores filmes. Barbet Schroeder era realmente um cara interessante, aqui como ator no mesmo ano que nos deu aquele documentário indispensável sobre o gereral maluquete Idi Amin.
Real Melhor Filme do Ano: Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia (Bring Me the Head of Alfredo Garcia, Sam Peckinpah)Ano foi repleto de obras primas, Chinatown (Roman Polanski), F for Fake (Orson Welles), O Fantasma da Liberdade (Luis Buñuel), Cani Arrabbiati (Mario Bava), Foxy Brown (Jack Hill) e outros já supracitados. Sempre que houver uma dúvida nas escolhas é só colocar o Peckinpah no meio que ele acaba com a brincadeira.
Excelentes filmes de um excelente ano!
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Você já viu o Benjamin Button? Me lembrou um pouco o Youth Without Youth do Coppola (e o Fonte da Vida do Aronosfky, mas esse você gosta), amores eternos e fotografia dourada.
Como é o original do Perfume de Mulher? Por essa foto aí não consigo nem imaginar, ainda mais tendo visto a refilmagem.
E SAM É REI. Todo mundo fala que ele era o único no set de Alfredo Garcia que não tinha reparado que o Warren Oates tava interpretando ele, mas eu acho que ele só deixou quieto.
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vai ver a criatividade do coppola esgotou ali, no apocalipse. outra coisa boa que ele fez foi a sofia, que tenho a leve impressão que vc não deva gostar. o filme do peckinpah foi uma boa escolha.
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Lucas, Vi o senhor Botão, mas na verdade ele me lembrou de início o Peixe Grande do Burton para logo depois cair no convencionalismo do Forrest Gump, com a diferença que ao menos o Forrest Gump nos faz rir. Aliás, é verdadeiramente irritante a semelhança com Forrest Gump, isso porque só depois dessa constatação que vim assimilar que ambos os filmes dividiam o mesmo roteirista. Olha, é muito difícil um filme me irritar, posso não estar gostando e levar o filme na boa até o final, mas me irritar é definitivamente raro, o tal do Sr Botão conseguiu este feito e profundamente. Cruzes. Pior filme da carreira do Fincher, sem dúvida.
E desencana dessa foto do Profumo di donna, isso é um pesadelo dentro do filme e pouco tem a ver com o tôdo. Para ficar mais claro a linha seguida, é bom comparar com o remake, enquanto o original é uma tragicomédia, com ênfase na comédia e realista na parte trágica (digamos que se passe 2/3 do filme gargalhando com gosto), o remake é um melodrama nhenhenhe cheio das papagaiadas. Diz-se até que à boca miúda que o Gregory House foi inspirado no Gassman desse filme, um cara insuportavelmente escroto e engraçado com problemas físicos que bem sabe ser um gentleman quando o quer.
Luisandro, ué, eu tenho cara de quem não gosta da Sofia? KKKKKKK Olha, a Sofia é um problema porque não sei qualé o do culto por ela, gosto bastante de As Virgens Suicidas, especialmente porque ela se inspirou e muito no Picnic at Hanging Rock, gostei bastante da modernização de filme de época que ela fez em Antoniette, mas o que dizem ser o melhor filme dela, o tal Encontros & Desencontros, é um filme totalmente estéril aos meus olhos.
A verdade que deixei de idolatrar a família Coppola há uns bons anos (isso incluem papai, filha, filho, Talia Shire e Nicolas Cage), à excessão do meu amado Jason Schwartzman, que bem é um dos melhores atores abaixo dos 30 anos da atualidade e que nem sequer é conhecido por fazer parte da família Coppola (filho da Talia Shire), só mesmo pelo talento. Aliás, bem que eu queria vê-lo interpretando o Keith Moon no cinema, ele seria absolutamente perfeito.
Quando ao Francis, nem concordo que ele acabou em Apocalypse, O Selvagem da Motocicleta e O Fundo do Coração são pequenas obras de arte, enquanto todos os outros até Drácula foram razoavelmente bons, depois disso acabou-se.
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