Blog também serve para confessar pecados, portanto tenho que confessar o que fiz na sexta à noite, muito embora eu não confesse como manda a tradição desde os meus onze anos, mas quando temos onze anos não há muito o que confessar. Imagine uma sessão de Death Proof num cinema, algo que é mais do que a grande maioria de brasileiros é capaz de sonhar, imagine que essa seja uma sessão da meia-noite num cinema das antigas como manda o figurino dos midnight movies típicos grindhouse. Imagine que eu estava há três quarteirões desse espetáculo de evento e não fui. Imaginou? Doloroso? Pecado dos grandes, não?
Tudo bem que já conheço o filme de cor e salteado, tanto em sua versão double feature quanto na estendida, mas um evento à carater desses não podia de forma alguma ser desprezado e verdadeiramente não foi, mas sabe como são aqueles ataques de pânico com os quais tenho que conviver diariamente, especialmente em eventos em que se encontra pessoas “conhecidas”. Tenho pavor de gente “conhecida”, conhecidos são aquelas pessoas com as quais você tem que conviver ou conviveu, mas com quem não possui afinidade o suficiente para ter se tornado amigo, ou seja, “conhecidos” são mais perigosos do que desconhecidos no bom e velho “dá para me deixar em paz, cara-pálida?”. E assim era essa sessão de Death Proof, onde provavelmente reecontraria muitos conhecidos que não via há anos e o corriqueiro ataque de pânico certamente viria à tona, coisa que não dá para contornar, nem todos os coquetéis de whisky com calmante me impediriam de tremer e lacrimejar, ou até de ter convulsões físicas. Portanto, perdoem-me Stuntman Mike, garotas e Eli Roth (Hot!), mas fica pra próxima, se é que vai existir uma.
Nota 1: Nesta mesma noite meu pseudo-conterrâneo Mario Bortolotto foi baleado e fiquei absurdamente chocada, ainda não dei uma olhada pela internet, mas imagino que deve existir um sem número de piadinhas infames com o nome do blog dele.
Nota 2: Viu como é bom ter blog intimista? Se pode desabafar coisas assim mais pessoais (desde que sejam relacionadas à cinema, é claro!), no máximo meia dúzia de pessoas vai ler isso e não me incomodarei, fica-se muito mais livre e não tem padre nenhum fazendo que você reze 2200 ave-marias e 44849549 padres-nosso.
Já ia te xingar aqui por ter deixado passar essa sessão, mas entendo perfeitamente a merda com os CONHECIDOS. Malditos sejam.
E esse filme é sensacional, putz. Logo que terminei de ver, já tava maluco pra ver de novo. Tarantino é um dos poucos caras que a cada minuto me fazem pensar “taí alguém que tem tesão por cinema, cada personagem, diálogo e tudo mais ali é prova disso”. E pensar que era “só” um projeto dele pro Grindhouse! Ele deveria fazer mais filmes “menores” assim.
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