Vamos contar uma historinha. Ando tão obcecada pelo Powell que essa semana fui ver o tal de Shutter Island não porque é um filme do Scorsese (outro obcecado) homenageando Mark Robson, mas sim porque poderia prestigiar a viúva do Powell. Mas daí eu vou lá e além de ver a aura do Bedlam e do Isle of the Dead pairando, há também um maluco pixando BLACK NARCISSUS por toda a tela. Aí o que você pensa quando a sua amiga enche a sua nova paixão de elogios? Você gosta ainda mais da sua amiga e da pessoa que por si só te faz revirar o estomâgo e em quem você pensa 24 horas por dia, não conseguindo se manter longe. Daqui a seis meses a paixão acaba, então eu ainda estarei tão feliz com os elogios dessa minha amiga, ou estarei decepcionada por ela ter sido tão reverente e não ter mostrado as coisas de forma contida e com mais pé no chão?
Amei. Quero ver de novo.
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Ah, eu também. Passei os dois primeiros terços do filme com um sorrizão de orelha a orelha – só depois enquanto pensava voltando para casa o filme foi diminuindo dentro de mim (especialmente pelo desenrolar final). Isso é motivo suficiente para ter que vê-lo de novo, mas também a tempo de matar mais as saudades do Ruffalo (estupendo! estupendo! a outra metade do elenco de Zodiac também ajuda) que ficou tempos longe do cinema. Ah, também é o melhor trabalho da carreira do DiCaprio.
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Prima, pois eu gostei de tudinho. Confesso que a parte com a minha xará Clarkson me desanimou um pouquinho, mas o final, finalzinho mesmo eu amei de novo.
Eu tenho vontade de ficar olhando pro Ruffalo assim, encarando mesmo, por horas. :)
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Todo aquele twist me decepcionou (que na verdade nem era tão twist assim já que no começo do filme quando a paciente diz que o psiquiatra era bonitão toda a situação fica mais do que clara e já se sabe o que tá rolando), sou bem partidária da filosofia do Hitchcock quanto a manter o suspense: entregar tudo ao espectador e deixar o caminho livre para a real tensão do filme, Shutter poderia ser quase que uma obra prima se a opção narrativa fosse semelhante a Vertigo onde Hitch na metade do filme já mostra toda a verdade sobre Madelaine & Judy e a nossa tensão fica a cargo de seguir o protagonista do filme que ainda não sabe o que já sabemos e ver o que vai acontecer quando ele descobrir a verdade. Mas tudo que que havia de bom em Shutter foi desperdiçado trocando aquela atmosfera de cinema de horror dos anos 40 e 50 por essa mania do cinema contemporâneo, o tal do twist. Twist para mim é só vodca, Shyamalan ou Clube da Luta. Aliás, essa adaptação era um projeto do Fincher (outro fã de Powell/Pressbuger vide o Benjamin Button) a ser protagonizado pelo Brad Pitt.
Em todo caso, apreciei muito o curto diálogo final entre o Ruffalo e o DiCaprio, aliás há vários diálogos fodões por alí, aquele do Jeep entre o Ted Levine e o DiCaprio é absolutamente memorável, a cena na saleta entre o Ruffalo, o Von Sydow (ah, eu te manjo rapá!), o Kingsley e o Dicaprio também é interessantíssima. Ah, e é o filme do Scorsese que mais gosto desde Casino e lá se vão 15 anos.
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Sabe que naquela entrada no portão acho que a trilha sonora foi excessivamente retumbante? E acho que mais do que um exercício estilístico, a coisa funciona mais ainda como um exercício psicológico sobre a mente do protagonista, o que não exclui uma coisa da outra – como foi Clube da Luta! Mas este se passava na contemporaneidade e faz todo sentido, enquanto A Ilha do Medo começa como cinema da época de ouro e termina contemporâneo, ao contrário, por exemplo do que aconteceu com o Basterds, que mescla cinema de todas as épocas, mas que jamais deixa de ter um clima contemporâneo.
PS. Te mandei um e-mail! Espero que esteja tudo certo! Qualquer dúvida ou mal entendido, é só falar!
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