Ocorre uma coisa curiosa quando se põe pessoas sem formação intelectual adequada perante um problema que exige raciocínio intenso: muitas dessas pessoas riem-se e assumem uma atitude infantil, lúdica. Eis uma hipótese explicativa: como essas pessoas se desabituaram de raciocinar intensamente quando se tornaram adultas, voltam a viver a sua experiência infantil de raciocinar intensamente. Isto é curioso, dado que denuncia uma grave distorção da realidade. Raciocinar intensamente não é coisa própria de crianças apenas. É graças ao raciocínio intenso que há sinfonias, física quântica, medicina sofisticada, filosofia e matemática — e os lados práticos dessas coisas, como aviões, micro-ondas, telemóveis, televisões de plasma. Considerar que o raciocínio intenso é infantil, ou meramente lúdico, poderá resultar de uma vida inteiramente passiva, de consumidor dos produtos do raciocínio intenso feito por outros.
Impressionante como todos os livros e filmes que caem em minha mão ultimamente (e seriados!) possuem uma vasta influência daqueles doutores todos. Não são intencionais essas minhas escolhas, são coisas que vão estreando no cinema, livros que vão aparecendo em sebos, seriados em fase terminal ou objetos de adoração cinéfila da vez…