24 frames: Prospero’s Books (1991)

Now my charms are all o’erthrown,
And what strength I have’s mine own,
Which is most faint: now, ‘tis true,
I must be here confined by you,
Or sent to Naples. Let me not,
Since I have my dukedom got
And pardon’d the deceiver, dwell
In this bare island by your spell;
But release me from my bands
With the help of your good hands:
Gentle breath of yours my sails
Must fill, or else my project fails,
Which was to please. Now I want
Spirits to enforce, art to enchant,
And my ending is despair,
Unless I be relieved by prayer,
Which pierces so that it assaults
Mercy itself and frees all faults.
As you from crimes would pardon’d be,
Let your indulgence set me free .

A grande desenvolvimento do filme é mesmo o papel ostensivo dos livros de Próspero sempre associados a situações e pessoas, cada qual a representar um momento análogo da vida, cada livro (e arte em geral) apto a ser associado a um episódio oportuno, coisa que nem todos os cineastas dariam a importância que Greenaway elevou à máxima potência, incluso a ponto de reiterar mudando o nome do título da peça para que ficasse ainda mais claro o objetivo da evolução pessoal de Próspero. O que me faz atentar para a péssima escolha do título em português de A Última Tempestade, o que destona do sentido que Greenaway queria dar, apesar de certa forma fazer sentido quanto ser a última tempestade antes da tranquilidade chegar.
Mas deixe-se parar com bobagens que o importante mesmo é ler o texto do Steven Marx: Prospero’s Books, Genesis and The Tempest, este que é uma mina de ouro com pepitas deste tamanho ó, embora também seria interessante uma análise envolvendo os 24 livros do Tanakh judáico que contém paralelos ao antigo testamento cristão em disposição distinta (sempre lembrando que A Tempestade é o 24º livro e o 23º é o Folio, ou seja, são seguidos os 22 arcanos do tarot assim como os 21 passos da cabala antes que o Sephiroth se complete e depois restam 2 livros para o estado de liberdade), tal como os 24 capítulos da Odisséia Homérica e o símbolo de Schlafli. Ah, também são as 24 horas do Jack Bauer, mas isso é irrelevante.

Nota: Tudo isso me faz pensar… quais seriam meus 24 livros? 24 filmes? 24 músicas? 24 whatever? A julgar pelo meu estágio e se não estiver sendo muito pretensiosa, eles deveriam parar lá entre os 10 ou 15 livros, então é por isso que meus top-dúzias são uma boa idéia.

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

7 comentários em “24 frames: Prospero’s Books (1991)

  1. Salvei o texto aqui, só vou ler quando rever o filme (e vai ser logo, pelo visto).

    Já ouviu falar no site The Auteurs? Não quero ser babaca e te envolver em mais um vício além do Criticker, mas dê uma olhada lá depois. Tem tudo aquilo de rankear os filmes, mas é mais visual, digamos, e os comentários são mais simples e por isso dá pra interagir mais. Tem listas bem interessantes lá, a maioria de gente que simplesmente resolveu reunir vários filmes por um mesmo tema ou significado pessoal – algo que não tem tanto no Criticker, acho.
    E fanatismo por listas do Greenaway é das coisas mais interessantes dos filmes dele. Desde o início ele foi empilhando as obsessões até que os filmes passaram a ser quase catálogos e performances disso tudo.

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    1. A verdade é que tenho conta no Auteurs desde que aquilo alí ainda era um território selvagem a ser desbravado… Mas assim como o criticker, ele não anda muito condizente com minha paciência e força de vontade.

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  2. Ah sim, faça essas listas todas aí! Let us drown in listmaking madness, diria o Shakespeare, certamente de um jeito mais bacana.

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  3. Passei o olho naquele texto sobre o filme do Greenaway e vi que ele cita o Masque of Red Death do Poe. Posso te mandar por email o storyline de um roteiro que to fazendo aqui? Começou baseado nesse conto, mas acabou mudando e to tentando incorporar outras coisas nele (pra mandar pra editais assim que tiver terminado). Aí diz o que acha, se lembra de ligações entre esse conto e outras histórias/livros/filmes/etc.

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    1. Já vou falando que lembrei imediatamente daquela versão do Corman que tem o dedo do Nicolas Roeg que por sua vez foi extremamente influenciado por Michael Powell hehehe Não adianta, é aquela coisa do seis graus de separação.
      Mas manda sim, não posso prometer nada, mas se eu tiver algum insight te digo, mas é aquela coisa, o conto do Poe é A Tempestade pura, com os níveis de consciência e tudo mais, Poe não se deu nem ao trabalho de mudar o nome do protagonista, só é mais sombrio do que Shakespeare e nisso a visão do Derek Jarman acaba por ser mais próxima do Poe do que a do Greenaway.

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  4. Tranquilo, só vou mandar mesmo a trama (que ainda falta fechar de verdade), e aí se pensar em algo, beleza. Mas pelo pouco que conheço de A Tempestade, acho que não peguei tanto esse lado do conto. A história no fim das contas acabou virando uma mistura do conto do Poe com Salò.

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