24 frames: Um Método Perigoso (A Dangerous Method, David Cronenberg, 2011)

“Sometimes when a person is not being heard, it is appropriate to blame him or her. Perhaps he or she is speaking obscurely; perhaps he is claiming too much; perhaps she is speaking rather too personally. And one can, perhaps, charge Spielrein on all three counts. But, on balance, her inability to win recognition for her insight into repression was not her fault; it was Freud’s and Jung’s. Preoccupied with their own theories, and with each other, the two men simply did not pause even to take in the ideas of this junior colleague let alone to lend a helping hand in finding a more felicitous expression for her thought. More ominously still, both men privately justified their disregard by implicitly casting her once more into the role of patient, as though that role somehow precluded a person from having a voice or a vision of his or her own. It was and remains a damning comment on how psychoanalysis was evolving that so unfair a rhetorical maneuver, one so at odds with the essential genius of the new therapeutic method, came so easily to hand. In the great race between Freud and Jung to systematize psychoanalytic theory, to codify it once and for all, a simpler truth was lost sight of: Sometimes a person is not heard because she is not listened to.”

A Most Dangerous Method: The Story of Jung, Freud & Sabina Spielrein by John Kerr

“Algumas vezes, quando uma pessoa não consegue se fazer entender, é possível que a culpa seja dela própria. Talvez por estar falando de forma obscura; talvez por reclamar demais; talvez por falar de forma muito pessoal. E, talvez, Spielrein pudesse ser incluída nos três casos. Mas, analisando bem, não se pode culpá-la por sua incapacidade de conquistar o reconhecimento para suas conclusões sobre a repressão; os culpados foram Freud e Jung. Preocupados com suas próprias teorias, e cada um com o outro, os dois simplesmente não se dispuseram a acolher as idéias dessa jovem colega, e muito menos a oferecer ajuda para que ela encontrasse uma expressão apropriada para seus pensamentos. Pior ainda, ambos em particular justificaram seu descaso, recolocando-a implicitamente no papel de paciente, como se isso de alguma forma impedisse alguém de ter sua própria opinião ou visão. O fato de uma manobra retórica tão desleal, tão em desacordo com a vocação essencial do novo método terapêutico, ter sido empregada tão facilmente, foi e ainda é um aspecto negativo na história da evolução da psicanálise. Na grande disputa entre Freud e Jung para sistematizar a teoria psicanalítica, para codificá-la de uma vez por todas, perdeu-se de vista uma verdade mais simples: algumas vezes, uma pessoa não é entendida porque não recebe a devida atenção.”

Um Método Muito Perigoso – Jung, Freud e Sabina Spielrein: A História Ignorada dos Primeiros Anos da Psicanálise de John Kerr

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Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

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