A Porta de Ouro (Hold Back the Dawn, 1941)

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Olivia de Havilland, Charles Boyer e Paulette Goddard

Quando comecei a assistir A Porta de Ouro imediatamente me veio à mente Crepúsculo dos Deuses / Sunset Bouvelard, logo caí na minha própria parvisse e me dei conta de nada mais lógico, pois quem roterizou ambos foram os mesmos Billy Wilder e Charles Brackett. Todo o aspecto de narrador-gigolô embrenhando-se no mundo do cinema e contando sua história em primeira pessoa, tudo soa imediatamente como um pretenso Joe Gillis.
Indiscutivelmente bem dirigido, atuado e escrito sobre os eternos problemas da imigração na fronteira mexicana e obtenção de green card, A Porta de Ouro é um desses clássicos pouco conhecidos que merecem ser revisados e conceder-lhe a devida justiça como um dos grandes romances dramáticos dos anos dourados de Hollywood.
Mas nem tudo são flores nessa pequena pérola cinemática, o grande burburinho do filme ocorreu entre o diretor Mitchell Leisen e seus roteiristas Billy Wilder e Charles Brackett, aquele pedia incansavelmente para que os dois últimos reescrevem o roteiro à exaustão, especialmente uma cena-xodó de introdução em que o protagonista conversava com uma barata num quarto de hotel. Charles “Pepe Le Pew” Boyer achou ridículo e convenceu Leisen a tirar a introdução, Breacket e Wilder não gostaram nenhum pouco (nem eu já que adoraria ver o Pepe Le Gambá conversando com uma barata) tanto que depois de aguentar os mandos e desmandos de Leisen sobre o que escrever resolveram fazer seus próprios filmes, Brackett como produtor e Billy Wilder comoPepelegamba2 diretor (Wilder tinha co-dirido um filme em 34, mas só começou a dirigir pra valer depois do trauma Leisen) e o resto é história. Agora vem a fatítica pergunta, quem hoje conhece Mitchell Leisen e quem conhece Billy Wilder? Wilder ganha, é claro.

Nota: Minha frequente alusão ao Pepe Le Pew vem do fato de que o irresistível gambá francês da Warner foi inspirado em Charles Boyer, mais especificamente sua personagem em Algiers, remake de Pepe Le Moko com o Jean Gabin. Verdade seja dita, não dá pra ver Charles Boyer e não lembrar do Pepe, seja na forma de falar, na expressão facial ou na fatídica pegada, com a diferença que Boyer é realmente sexy, não que Le Pew não o seja, mas o gambá é sexy para ser cômico, enquanto Boyer é sexy para ser irrestivível mesmo.

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

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