Arquivo X: Eu Quero Acreditar (The X-Files: I Want to Believe, 2008)

X FILES 2 - POSTER

Faço gozo de algumas coisas que têm  sido ressuscitadas este ano como Sex and the City e Indiana Jones, pois voltaram à vida sem perdas realmente consideráveis, mas me pergunto se foi para o bem ou o mal mais um regurgitar ectoplásmico de Arquivo X. Digo mais um porque o fim da sétima temporada marcou uma reviravolta que desencadeou praticamente um novo seriado e com a saída definitiva de Duchovny ao final da oitava fez-se com que a nona e última se tornasse verdadeiramente estéril, mesmo com clima de Exterminador do Futuro dando direito a Robert Patrick e tudo.
É tudo muito sure-fine-whatever neste filme. Só para se ter uma idéia, o último Indiana Jones era cem vezes mais Arquivo X do que este I Want to Believe e quando algo que o influenciou se torna mais próximo do que o próprio influenciado é porque alguma coisa não deu certo. Foi dito que este segundo longa veio a público para conquistar as novas gerações – Foda-se as novas gerações! – o que eles tinham que fazer era agradar aos velhos fãs e não parecer que o filme está com crise de meia idade e largou a esposa para sair com garotas de 20 anos, mesmo porque essas tais novas gerações estão encharcadas em Lost e não vai ser um filme convencional equivalente aos mais medíocres episódios que os farão descobrir o seriado propriamente dito. Para os antigos fãs o que sobra são as escassas piadinhas infames de Foxy, os lápis grudados no teto, as sementes de girassol, a beleza interminável de Scully e a careca do Skinner.
Manja aquelas oscilações espaciais e temporais que existem no universo das HQs? Pois é, deu-se a entender que este filme se passa numa realidade alternativa onde fatos de extrema importância foram completamento ignorados. Como assim o Mulder perdoado? Os alienígenas não estavam todos no alto escalão dos orgãos públicos, cadê os ets que mandavam no FBI? Cadê os super-soldados? Cadê a Reyes e o Doggett? Foxy ficou quietinho durante 6 anos? O que aconteceu com tudo e todos? E o William que seria o John Connor dos alienígenas, perdeu mesmo os poderes? Era isso que os antigos fãs estavam procurando e não padres pedófilos com uma “reciclagem Eli Roth” de The Post-Modern Prometheus.
Foi aí que aconteceu a tal tentativa de reaproximação da aura do cinema B dos anos 50/60 que tanto deu certo no seriado, com uma versão gay de O Cérebro que não Queria Morrer (The Brain That Wouldn’t Die), a premissa seria boa se a climatização não estivesse toda errada e enfadonha de se acompanhar. Até a sempre excelente Gillian Anderson acabou me assustando com sua nova Scully um tanto quanto descontrolada, logo ela que sempre manteve a fleuma, só para uma visualização mais precisa, Dana aqui estava mais tensa do que quando estava grávida e o Foxy foi abduzido e morto. Nem mesmo o relacionamento de Foxy e Dana nos cativa mais, agora eles tem um relacionamento desgastado pelo tempo e pela falta de objetivo comum, mas ao menos Foxy apareceu barbudo e desgrenhado condizendo mais com sua personalidade do que aquele visual mauricinho-FBI-tão-anos-90 das antigas. É tudo muito deprimente e indica que tudo está velho e cansado, inclusive o público. Quero sim um outro longa, mas quero a invasão do planeta terra de 22 de dezembro de 2012, onde muita coisa tem que ser explicada já que ainda há muita vida para o Foxy se redimir, mesmo porque um homem que chegou a ficar 3 meses enterrado vivo (!!!) pode tudo e segundo a antológica participação de Peter Boyle na terceira temporada, Foxy vai acabar morrendo mesmo é de asfixiofilia, a popular asfixia erótica do sadomasoquismo. Ou será que ele errou de seriado e isso acontecerá mesmo é com o Hank Moody?

Nota: Tem uma coisa que gostei deveras, o momento em que Fox e Dana adentram a sede do FBI e se deparam com a foto do Bush Jr ainda no corredor enquanto são tocados alguns acordes da música tema do seriado e aquele ar de cumplicidade sorrateira é visulaizado em suas faces. Além de deixar claro a posição política dos envolvidos, isso também é uma “sutil” alusão à tomada do poder por alienígenas, indicando que Bush Jr é um deles e tem ajudado na colonização. Repassando a cronologia do seriado é possível ver que ascenção dos super-soldados em cargos de alto escalão coincidiu com a entrada de Bush Jr na presidência, assim como os primeiros dos mesmos foram “testados” na Guerra do Golfo durante o mandato do Bush Sr. É, gosto mesmo de conspirações, hehehe

Publicado por Adriana Scarpin

Bibliófila, ailurófila, cinéfila e anarcafeminista. Really. Podem me encontrar também aqui: https://linktr.ee/adrianascarpin

3 comentários em “Arquivo X: Eu Quero Acreditar (The X-Files: I Want to Believe, 2008)

  1. hehehe na verdade ando pensando em escrever um dicionário adriânico de expressões idiomáticas, não é um privilégio só seu a lacuna de comunicação comigo. É impressionante a quantidade de pessoas que têm dificuldade em entender o que digo, hehehe, presumo então que o problema seja meu mesmo, fique sossegado.
    Tô mandando… não o dicionário, o e-mail.

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  2. concordo plenamente com você…

    não gostei muito do filme…achei bem meia-boca!!!

    sou grande fã de arquivo x, tanto que compro todas as temporadas originais (faltam a oitava e nona), e fiz uma tatuagem muito louca do X e do Alien jogador de baseball…ainda falta colocar um disco voador e escrever the truth is out there!!!

    enfim, acho que mereciamos algo muito melhor!!!

    gosta de david lynch?!?

    http://sobredesign.wordpress.com/2008/08/27/lynch/

    até mais

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