Festival Zweig no cinema: 24 heures de la vie d'une femme (2002)

Talvez 24 Horas na Vida de uma Mulher seja a novela do Zweig que mais aprecio (e o Freud também) e se não for, está certamente entre as três preferidas. Lida mais uma vez com uma protagonista, pois a identificação com o feminino sempre foi o forte da escrita de Zweig, normalmente com o tema principal girando em torno de mulheres vitimadas pela repressão sexual e que terminavam desvencilhadas das convenções sociais ao se embrenharem em paixões de grande intensidade, mas nem sempre com um desenrolar muito animador.
O filme de Laurent Bouhnik faz juz a toda essa essência de Zweig para com o feminino, nem tanto pelo que ele tenta transpôr, mas sim como o faz. Parece que ele tenta mesclar o universo narrativo de Morte em Veneza (o filme) com os delírios de Proust e Robbe-Grillet, caindo numa narrativa que gera um episódio contemporâneo gerando um flashback de um flashback, se Bouhnik se concentrasse mais em reverenciar Visconti de Veneza e deixasse de lado os sonhos do diretor italiano com Proust, seu filme seria bem mais aprazível e condizente com as próprias limitações do cineasta, não só como cinema, mas até como adaptação – e embora Thomas Mann pouco gostasse da literatura de Zweig, as atmosferas contidas nos livros de ambos são as mais interessantes para serem levadas às telas, especialmente pelas ambientações e caracterizações que se assemelham, mas não, Bouhnik tinha que colocar Proust no meio, com direito a referências óbvias de À Sombra das Raparigas em Flor, enquanto a personagem de Michel Serrault/Clément van den Bergh é a encarnação cuspida do Marcel proustiano em sua velhice e juventude.
Isso tudo é só uma observação, apesar das ambições terem sido maiores que os resultados, a verdade é que gostei do filme, sobretudo pelo segmento onde Agnès Jaoui encarna a mulher do título com todo dilaceramento que lhe é imposto, afinal não é todo dia que se vê Visconti, Zweig, Proust, Robbe-Grillet e Mann de braços dados caminhando pela praia e ainda, se procurar, dá para ver Bergman escondidinho atrás de uma árvore.

Diário de Stanislaus Joyce – 2 de feveiro de 1904

He has decided to turn his paper into a novel, and having come to that decision is just as glad, he says, that it was rejected… Jim thinks that they rejected it because it is all about himself, though they professed great admiration for the style of the paper… I suggested the title of the paper ‘A Portrait of the Artist’, and this evening, sitting in the kitchen, Jim told me his idea for the novel. It is to be almost autobiographical, and naturally as it comes from Jim, satirical. He is putting a large number of his acquaintances into it, and those Jesuits whom he has known. I don’t think they will like themselves in it. He has not decided on a title, and again I made most of the suggestions. Finnaly a title of mine was accepted: ‘Stephen Hero’, from Jim’s own name in the book ‘Stephen Dedalus’. The title, like the book, is satirical.

Em dois de fevereiro de 1882 James Joyce nasceu.
Em dois de fevereiro de 1904 James Joyce esboçou  idéias de O Retrato do Artista Quando Jovem para o irmão.
Em dois de fevereiro de 1922 James Joyce teve publicada a primeira edição de Ulysses.
Em dois de fevereiro de 1939 James Joyce mostrou a versão final de Finnegans Wake.
É, acho que ele curtia essa data.

Nota: Só para se vingar, o Stanislaus morreu no Bloomsday de 1955.

Hollywood Portfolio da Vanity Fair 2010 por Annie Leibovitz

Quentin Tarantino e Christoph Waltz: The Hellions

Scott Cooper e Jeff Bridges: The Juke-Jointers

Kathryn Bigelow e Jeremy Renner: The Battle-Scarred

Todd Phillips, Zach Galifianakis, Ed Helms e Bradley Cooper: The Best Buds

Tom Ford, Colin Firth e Julianne Moore: The Beautiful People

Nora Ephron e Meryl Streep: The Pot Stirrers

Peter Jackson e Saoirse Ronan: The Sprites

Lee Daniels, Mo’Nique e Gabourey Sidibe: The Real Deal

Pedro Almodóvar e Penélope Cruz: The Romantics

James Cameron with His Fusion 3-D camera: The Visionary
Lone Scherfig e Carey Mulligan: The Trouble Girls

Observações:
– Por que o Tarantino sempre tem que ser o mais doente?
– Ó céus, Tom Ford de barba.

Marcel Proust por Man Ray

Foi Man Ray a quem Jean Cocteau chamou em 19 de novembro de 1922 para tirar uma fotografia de Marcel Proust, da qual se deveria fazer apenas duas cópias: uma para a família e outra para o próprio Cocteau. Se desejasse, Man Ray também poderia ficar com uma cópia para si. O fotógrafo concordou. Cocteau o acompanhou ao leito do escritor. Ele estava estendido em sua cama, completamente vestido e parado. Marcel Proust havia morrido no dia anterior.

Bohèmes – Dan Franck

J.D. Salinger (1919 – 2010)

Também conhecido como pai do Capitão América.

É recomendável ler este texto no Sunset Gun : Six Stories – Salinger Inspired Cinema

Top-dúzia: Ernst Lubitsch

Pois não tinha mais o que fazer e quando não se tem mais o que fazer acabamos por pensar na única coisa que importa. Tem gente que reza, tem gente que sonha, eu particularmente penso no Lubitsch e hoje é aniversário dele.

1- Sócios no Amor (Design for Living, 1933)
2- Ladrão de Alcova (Trouble in Paradise, 1932)
3- A Oitava Esposa do Barba-Azul (Bluebeard's Eighth Wife, 1938)
4- Ser ou Não Ser (To Be or Not to Be, 1942)
5- Alvorada do Amor (The Love Parade, 1929)
6- A Princesa das Ostras (Die Austernprinzessin, 1919)
7- O Tenente Sedutor (The Smiling Lieutenant, 1931)
8- Não Quero Ser um Homem (Ich möchte kein Mann sein, 1918)
9- O Príncipe Estudante (The Student Prince in Old Heidelberg, 1927)
10 - O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943)
11- Boneca de Carne (Die Puppe, 1919)
12- Ninotchka (1939)

A man of pure cinema. – Alfred Hitchcock

Lubitsch was a prince. – François Truffaut

Lubitsch was a giant . . . his talent and originality were stupefying. – Orson Welles

He was the only great director out there. Ninotchka was the only time I had a great director in Hollywood. – Greta Garbo

He could do more to show the grace and humor of sex in a nonlustful way than any other director I’ve ever heard of. – Charles Chaplin

None of us thought we were making anything but entertainment for the moment. Only Ernst Lubitsch knew we were making art. – John Ford

Ernst Lubitsch was the complete architect of motion pictures. His stamp was on every frame of film — from conception to delivery. For high style, romantic comedies and spicy musicals he set a standard that has not been equaled. The Lubitsch ‘touch’ was unique. – Frank Capra

His films were loaded with a kind of wit which was specifically the essence of the intellectual Berlin in those days. This man was so strong that when he was asked by Hollywood to work there, he not only didn’t lose his Berlin style but he converted the Hollywood industry to his own way of expression. – Jean Renoir

Ernst Lubitsch was truly the auteur of his films. He created a style of sophisticated comedy peculiarly his own, as well as a new style of musical, both unknown before his time. His films bore the recognizable and indelible stamp of the gay, clever, witty, mischevious master, whose delightful personality matched his work. I am proud to have known his as a friend and teacher. Lubitsch’s films were truly Lubitsch’s, possessive credit intended. – William Wyler

Top-dúzia: Ernst Lubitsch (parte 2!)

13- A Viúva Alegre (The Merry Widow, 1934)
14- Gatinha Selvagem (Die Bergkatze, 1921)
15- A Loja da Esquina (The Shop Around the Corner, 1940)
16- Uma Hora Contigo (One Hour with You, Ernst Lubitsch/George Cukor, 1932)
17- O Pecado de Cluny Brown (Cluny Brown, 1946)
18- O Círculo do Casamento (The Marriage Circle, 1924)
19- O Anjo (Angel, 1937)
20- O Leque de Lady Margarida (Lady Windermere's Fan, 1925)
21- Não Matarás (Broken Lullaby, 1932)
22- Que Sabe Você Do Amor? / O que Pensam as Mulheres (That Uncertain Feeling, 1941)
23- Amor Eterno (Eternal Love, 1929)
24- Monte Carlo (1930)

Impressionante, para conseguir chegar nos filmes “mais-ou-menos” dele, só depois do Top 30.
Então, que fique o top-resto:

25- Em Paris É Assim (So This Is Paris, 1926)
26- Czarina (A Royal Scandal, Ernst Lubitsch/Otto Preminger, 1945)
27- A Filha do Cervejeiro (Kohlhiesels Töchter, 1920)
28- Romeu e Julieta na Neve (Romeo und Julia im Schnee, 1920)
29- A Condessa se Rende (That Lady in Ermine, Ernst Lubitsch/Otto Preminger, 1948)
30- Das Fidele Gefängnis (1917)
31- Sumurun (1920)
32- Amores de Faraó (Das Weib des Pharao, 1922)
33- Paramount em Grande Gala (Paramount on Parade, Lubitsch/Goulding/Arzner/etc, 1930)
34- Ana Bolena (Anna Boleyn, 1920)
35- Madame DuBarry (1919)
36- Carmen (1918)
37- Rosita (Ernst Lubitsch/Raoul Walsh, 1923)
38- Se Eu Tivesse Um Milhão (If I Had a Million, Lubitsch/Taurog/McLeod/etc, 1932)
39- Wo ist mein Schatz? (1916)
40- Schuhpalast Pinkus (1916)
41- Fräulein Seifenschaum (1914)

Nota: O bacana de ser obcecada por um desses cineastas dos primórdios é que a filmografia é infinita, isso no sentido de interminável mesmo e não de vasta, pois nunca vai terminar, primeiro porque a quantidade de filmes perdidos é gigantesca, segundo porque além desses filmes perdidos de conhecimento público, existem tantos outros que nem os maiores pesquisadores sabem da existência e terceiro, deve haver uns colecionadores malditos que escondem filmes debaixo de suas camas! Ah, tem também aquele lesado que possui relíquia e nem sabe, como a alma distraída que vendeu uma caixa de película ano passado e dentro havia um filme do Chaplin que ninguém sequer sabia que tinha sido filmado. Do Lubitsch? Dos filmes cuja existência é comprovada, ainda me faltam uns 40!

Pequena observação sobre Sherlock Holmes

Algo que esqueci de mencionar: Sério que a dublagem da voz do Professor Moriarty não foi feita pelo Brad Pitt?
Assim que escutei aquela voz entendi perfeitamente porque no meio do ano passado surgiu um boato sobre o Pitt ser o Moriarty, pqp, aquela é a voz dele com sotaque britânico. Vai ver foi por isso, algum desavisado que trabalhou na pós-produção ouviu aquela voz e achou a mesma coisa – ou é tudo marketing puro desde o princípio, já que na semana passada foi confirmado que Pitt está em conversações para ser o Moriarty.

Nota: Também é de bom tom mencionar que gostei do filme. Não me divertia assim com um filme do Guy Ritchie desde Snatch (provando que o problema da vida dele era mesmo a Madonna), até achei bastante interessante a “deturpação” da personalidade dos protagonistas, mesmo sendo bem estranho ver Holmes e Watson no mesmo nível badass, quando o bacana da dupla era a sincronia entre a racionalidade de um e a emotividade de outro. Em termos de exploração de personalidade a releitura do House e do Wilson é bem melhor, hein!

Zelda Rubinstein (1933 – 2010)

As senhorinhas creepy estão nos deixando na orfandade nos últimos tempos.
E nada de piadinhas infames sobre ir para a luz, hein!

Nota: História da foto acima (ao menos acho que é sobre essa foto que a história se refere)
During the filming of Poltergeist III (1988), she was doing a photo shoot when she paused and lurched. Director Gary Sherman was present and asked her what was wrong, she responded with a comment like “I don’t know, was just a jolt. I’m fine.” Several minutes later Sherman was pulled aside and told they would have to let Rubenstein go from the film — her mother had just died. After developing the film from the photo shoot, it was discovered that every photo had come out fine, except one, which had an inexplicable cloud of light clouding into the photo from Rubenstein’s left, covering half of her with a semi-transparent haze. Rubenstein said she knew the jolt had to have been her mother’s passing – she said they always had a particularly strong bond, in a way some identical twins have. Sherman, who had witnessed it, agrees it could not have been anything else. Both Rubenstein and Sherman were already very well aware of the tragic events which had plagued the film series. (IMDB)

Pernell Roberts (1928 – 2010)

Também conhecido como Trapper-John-que-não-era-o-Elliott-Gould-nem-Wayne-Rogers.

Viva o Australia Day!

George Lazenby
Simon Baker
Bryan Brown
Julian McMahon
Rod Taylor
John Jarratt
Jesse Spencer
Eric Bana
David Wenham
Hugh Jackman
Errol Flynn
Heath Ledger
Chris Hemsworth

Lá no Stale Popcorn rolou uma ótima seleção de filmes que definiram a cultura australiana na última década. Ficaram de fora Rogue do Greg Mclean e como alguém já mencionou nos comentários: John Hillcoat!

Nota: Outros musos não entraram nesse top-dúzia-sem-numeração como Mel Gibson, Sam Worthington e Guy Pearce, porque eles cresceram na Austrália, mas nasceram em países distintos, tipo Nicole Kidman, mas eles são tão australianos quanto a Carmen Miranda é brasileira. Então, menção honrosa pra eles.

Mad Men

Terminei agora de ver a terceira temporada de Mad Men, todas as outras temporadas foram geniais assim ou só agora me bateu a visualização da genialidade do seriado? O fato é que segundo as temporadas anteriores o considerava uma das melhores séries que pude acompanhar desde sempre, mas nesso terceiro ano a série adquiriu a grandiosidade do que há de melhor num Douglas Sirk ou Nicholas Ray.
Essa galera por trás de Mad Men realmente sabe escrever e filmar como os grandes mestres sem parecer excessivamente reverente e referente, enquanto os dois primeiros anos me remetiam ao Elia Kazan, essa última temporada foi tão indissociável ao Douglas Sirk que a cada episódio ficava abobada de como ninguém consegue fazer esse tipo de coisa para a tela grande hoje – por que a preferência por dramas vagabundos e manipuladores se há talentos suficientes para entregarem algo assim através da televisão? A mesma coisa com relação a ficção científica e Lost, todos os grandes filmes de ficção científica e fantasia que vi nos últimos anos eram de outros países que não os EUA. Chega a ser absurdo ver algo de tamanha excelência na televisão americana, comparado ao que acontece ao cinema daquele mesmo país a trupe por trás de Mad Men só é rivalizável em termos dramáticos com Todd Haynes, quando este pobre consegue tirar da cartola uma obra prima cinematográfica a cada 5 anos.
A terceira temporada deu ainda um presente maior – britânicos! britânicos! Incluindo alí até o filho de Richard Harris em pessoa! Mais peculiar que isso só a season finale, em nenhuma das temporadas anteriores o final ficou todo em aberto, as situações fazem com que a próxima temporada seja totalmente imprevisível – e ainda não sei se gostei disso, é empolgante sim, mas não sei até que ponto esse tipo de suspense é digerível em séries dramáticas, oras bolas, quero ver o seriado porque é bom e não porque estou sendo vulgarmente manipulada.Nota: Aparentemente até Todd Haynes está se escondendo na TV, dessa vez é uma minisserie para a HBO sobre a Mildred Pearce (drama dos anos 40 com uma das mais fascinantes presenças em cena de dona Joan Crawford) com a Kate Winslet no papel da mesma. Não é preciso pensar muito para saber que isso vai ser GRANDE.

O poder da sobremesa

A Sobremesa do Jung

A Sobremesa do Freud

E essa, minha gente, é a diferença entre fazer terapia com junguianos ou com freudianos. Rá!

Jean Simmons (1929 – 2010)

Essa era fodona.

Top 5:

1- Narciso Negro (Black Narcissus, Michael Powell / Emeric Pressburger, 1947)
2- Grandes Esperanças (Great Expectations, David Lean, 1946)
3- Alma em Pânico (Angel Face, Otto Preminger, 1952)
4- Hamlet (Laurence Olivier, 1948)
5- Spartacus (Stanley Kubrick, 1960)

Cem anos de Jean Baptiste "Django" Reinhardt

Este tem que ser comemorado mesmo. É favorito dos favoritos.

Djangology (1936 – 1948)

CD 01 – Georgia on my mind – 1936-1937
CD 02 – Sweet Georgia Brown – 1937
CD 03 – Minor Swing – 1937
CD 04 – Tea for Two – 1937-1938
CD 05 – Body and Soul – 1938-1940
CD 06 – Daphne – 1940
CD 07 – Nuages – 1940
CD 08 – Swing 42 – 1940-1942
CD 09 – Manoir de Mes Reves – 1943-1945
CD 10 – Echoes Of France – 1946-1948

Preciosidades encontradas AQUI.

Picasso e os gatos

Este é o tempo da experimentação e da viragem. É o começo da grande aventura. Fernande Olivier, sua paixão dessa época, escreveu que Pablo tinha em casa dois gatos, um cão e um macaco. Olha-se para a fotografia e percebe-se que estes animais de companhia sabiam mais sobre a sua luta com as cores e com as formas, em fase crucial de desconstrução e de criação, do que qualquer um dos seus amigos ou das suas amantes, pois, tal como ele, viviam no assombroso e não verbalizável território dos instintos.

Amados Gatos – José Jorge Letria

Ava

A cara de maníaco desse confeiteiro não tem preço.

Schnitzler – Freud

Verehrter Doktor:

Agora o senhor também alcançou os sessenta anos, enquanto eu, seis anos mais velho, me aproximo do fim da vida e posso esperar em breve ver o fecho do quinto ato dessa algo incompreenssível e nem sempre divertida comédia.
Se eu ainda tivesse preservado crença na “onipotência” dos pensamentos, não deveria deixar passar essa oportunidade para enviar-lhe os mais fortes e calorosos votos para os anos futuros que o senhor deve esperar. deixo essa tola atuação para seus incontáveis contemporâneos, que o terão em mente em 15 de maio.
Mas tenho de lhe fazer uma confissão, que peço não divulgar seja com amigos, seja com inimigos. Importunei-me com a questão de como durante todos esses anos nunca procurei sua companhia e usufruí de uma conversa com o senhor (supondo que tal não lhe seria um incômodo).
A resposta a esta confissão é extremamente íntima: penso que o evitei a partir de uma espécie de temor de encontrar meu ‘duplo’ (doppelgängerscheu). Não que eu em geral seja facilmente inclinado a me identificar com qualquer outra pessoa ou que eu tenha qualquer outro desejo de esquecer a diferença de nossos dons que me separa do senhor. Sempre que me deixo absorver profundamente por suas belas criações, parece-me encontrar, sob superfície poética, as mesmas suposições antecipadas, os interesses e as conclusões que reconheço como meus próprios. Seu determinismo e seu ceticismo – o que as pessoas chamam de pessimismo-, sua profunda apreensão das verdades do inconsciente e da natureza biológica do homem, o modo como o senhor desmonta as convenções sociais de nossa sociedade, a extensão em que seus pensamentos estão preocupados com a polaridade do amor e da morte, tudo isso me toca com uma estranha sensação de familiaridade. Assim, ficou-me a impressão de que o senhor sabe por intuição – realmente a partir de uma fina auto-observação – tudo que tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho. De fato, acredito que, fundamentalmente, o senhor é um explorador das profundezas, não fosse o senhor assim, seus dons artísticos, seu domínio da linguagem e sua criatividade teriam atuado livremente e feito do senhor algo mais agradável para grande número de pessoas. É natural que eu prefira o investigador. Mas perdoe-me por deixar-me levar pela psicanálise; simplesmente não posso fazer nada mais. Sei, porém, que a psicanálise não é o meio para alguém se tornar popular.

In Herzlicher Ergebenheit,
Ibr Freud

Carta de Sigmund Freud para Arthur Schnitzler
14 de maio, 1922

Livro: Freud & Schnitzler – Sonho Sujeito ao Olhar (Pedro Heliodoro Tavares)

102 Boulevard Haussmann (1990)

Oh.My.Fucking.God. Filme completo no youtube.

Golden Globes

É a primeira vez que assisto a cerimônia do Globo de Ouro. Primeiro porque nunca tive tv por assinatura (e ainda não tenho!), segundo porque nunca me interessou. Mas hoje queria ver se o JB ganharia e – cara! – aquilo foi lindo. Todo mundo se levantou para aplaudí-lo de pé, todo mundo sinceramente extasiado por ele ter ganho.

Nota 1: Tomanocu. Avatar? James Cameron? Tomanocu. Não dá nem para mencionar um absurdo desses. Se enfia debaixo do lençol e se esconde para sempre.

Nota 2: Elas gostam mesmo é dos barbudos. Todo mundo com muita barba, Jon Hamm, George Clooney, Christoph Waltz (ó céus, como ele fica bem de barba!), Jeff Bridges…

Nota 3: O que essa foto do Eli Roth tem a ver com a coisa? É porque quando vi isso eu fiz um WOW bem grande.

Não é à toa que ele disse que estava se sentindo o Rodolfo Valentino. Ui.